22.10.12

LACK OF GOOD WEATHER




some cooking in the dark, a great stupid game, a little bit of tv and some make-up on.
(my brother is my muse) 


LACK OF ROOM




there's always time to ruin a perfectly smoothed bed.

17.10.12

LACK OF GUS










Timido espalhafatoso
Gaúcho carioca
Pagador de promessas
 

Indeciso Gustavo, na hora do feijão toma cerveja, na hora de ir embora atravessa a rua pra dançar na calçada.
Navalha no bolso, faca na bota. 


Olhos de lince no queixo - o MAIOR catador de moedas de paralelepípedo.  

Me guiou pelas arestas da Lapa, me entregou pra Melodia e Macalé, comprovou que manga com leite não mata. 

Arroz com linguiça, sardinha frita. Soul com samba e calçada. Discos, discos, discos. Pedra do sal e cerveja. 
Nublada Copacabana, chuvosa Santa Teresa. 

O Gustavo tem a loucura dos transparentes e o corpo aberto pro agora. Tem cumplicidade com São Jorge e nunca perde um 23 de vista. 

Conheci ele em outra vida. Um estranho nos contou.

16.10.12

LACK OF CORNERS

 



















eventos assim, que juntam gente assim, deviam acontecer nos entre esquinas pelo menos uma vez por mês.





6.10.12

LACK OF A HAPPY ENDING












Sobre a alegria.

Em sua defesa, ela acontecia. Todos juntos eram protagonistas da catarse embalada pela música do canto de lá e pelo microfone aberto no canto daqui. Velas, pincéis, balões, cartazes. Reivindicações flutuando por todos os lados da praça, dando voltas e voltas pelo chafariz. A essência da junção de todas elas era muito simples: liberdade.

Cheguei na praça Montevidéu às 20:30. Já era bem grande o número de pessoas que se reuniam lá e o clima era de manifestação festiva. Manifestação porque as pessoas expressavam publicamente sentimentos em comum, opiniões políticas, pensamentos incisivos. Festivo porque esse era o clima predominante.

Para quem ainda desconhece as motivações que levaram ao encontro desse grupo em praça pública, mesmo com a quantidade de textos já escritos sobre o evento, faço questão de ressaltar algumas (que julgo principais):

1 - Defesa do espaço publico para a livre circulação e expressão das pessoas;
2 - Fim da higienização e repressão que vem ocorrendo na cidade como conduta em nome da segurança pública;
3 - Repúdio a grande e desrespeitosa privatização dos espaços públicos que vem dominando a cidade, desvirtuando a essência que faz do espaço um lugar democrático de convívio;
4 - Celebração da arte, da livre expressão, do amor, da alegria, da convivência, do afeto, etc.

Como lucidamente disse o Zé no vídeo do Coletivo Catarse , a cidade precisa de um espaço de afeto. Precisa mesmo, e não são Trendmarks que irão proporcionar isso, mas sim gaiteiros, pregadores, atravessadores de circulo de facas, peruanos com seus teclados, feiras diversas, micro-palanques ou qualquer movimento de livre expressão. A PRAÇA É PÚBLICA e feita para o seu uso democratico.

Meu problema não é com um Tatu italiano gigante que, segundo Lazier Martins, "encantava as crianças que passavam por ali". Isso é um grande símbolo, não a coisa em si. Meu problema é com a defesa de interesses tortos, que vem atrelados as mais banais e festivas manifestações midiáticas, adentrando a casa e os espaços da gente como inocentes benfeitores, propondo um jogo em que nunca se perde, já que as regras não são justas porque são inexistentes.

É triste ouvir que "só assim" pra haver verba para a revitalização dos espaços. Com o nosso atual momento histórico, economico e cultural aliado a má gestão é mesmo uma grande saída possível. É sintomático. Não é mistério nenhum que o estado se curva ao capital. A parceria público-privada é só o que tem acontecido por aí, com o o público engolido pelo privado quase sempre. Nada disso é claro ou direto e é ingenuidade pensar que muito se muda em pouco tempo. O que não é ingênuo é querer manifestar o que se pensa, deixar claro qual é o causador do desconforto, expressar com firmeza o que não está certo.

É assim, num ritmo agoniante de tão lento, que as coisas vão se deslocando, as mentalidades vão mudando e os momentos históricos vão se transformando. Isso NUNCA começa pela maioria e é feita de grandes e pequenos atos, nem sempre de forma pacífica. 

A intenção até era essa, mas o desfecho não foi. Não direi infelizmente, muito menos felizmente. Quando encaramos o fato bem de frente suas facetas são multiplas e suas nuânces nebulosas. Basta uma faísca pra acender o fogo.




Sobre a violência.

É pequena a parte da violência que diz respeito somente a violação da integridade física, mesmo que nesse caso tenha sido o mais impactante (sempre é). Pode-se violentar moralmente e isso é bem mais comum. A própria mobilização do batalhão de choque em frente ao Tatu da Coca-Cola, ao meu ver, já é uma demonstração opressora de força, um tipo de violência moral. Problema mesmo é quando ela passa do domínio "virtual" e se faz, com toda a força e desigualdade, real.

Não me interessa saber quem começou a violência física. Um cotovelo fora do lugar em qualquer aproximação entre corpos agitados pode gerar um único micro ato violento que em uma fração de segundo se espalha e toma dimensões assustadoras.

O que me interessa é a motivação real para uma reação tão violenta por parte da polícia na defesa de um boneco inflável. Conter o "vandalismo" em um espaço "privado" (dentro do chiqueiro do Tatu) e "manter a ordem" faz parte do trabalho da polícia sim.

O que não faz é a violação dos direitos humanos, perseguindo pessoas ruas e ruas adentro com cacetetes e balas de borracha (sem entrar no mérito de outros abusos) depois do "patrimônio público" (faz-me rir) já estar depredado.

Esse tipo de confronto é delicado, pois ambos os lados se deixam levar pelo instinto do ataque em função da defesa. O problema é quando o ataque é pelo ataque.

É infeliz a posição da grande mídia, é revoltante a ignorância de muitas pessoas que defendem a violencia como solução, é descabida a quantidade de gente ferida em detrimento de um objeto.

Quanto ao Tatu, me perdoem a falta de modos, mas que se foda. Nenhuma cabeça, braço ou perna pode ser menos importante do que um boneco inflável, principalmente quando este é um símbolo que carrega em si a razão do descontentamento.

Derrubadas de estátuas em praça pública de líderes depostos não significam nada? Isso seria um tipo de vandalismo? O certo seria esperar um novo governo entrar em vigor para então pedir gentilmente a remoção de uma imagem tão intragável? Guardada as devidas proporções, é claro, a queda do Tatu foi sintomática.

Sou totalmente contra a violência e minha tendência é pacífica, apesar de acreditar que ela seja grande parcela integrante da nossa essência e por isso tão comumente manifestada.
Acho a praça mais bonita sem Tatu-Bola-Copa-Coca, com mais rostos se cruzando e rica em expressão popular.

Essas fotos são só a confirmação da parte da alegria, apesar de anteceder uma espécie de luto e a falta de um final feliz.
Eu não estava lá quando o tumulto começou. Muitos amigos estavam e isso me chateia tanto quanto.

Estou, como sempre, aberta a ser contrariada ou complementada.
As questões são bem mais profundas e me causam desconforto.

Escrevo pra tentar entender, clarear e expressar.